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Notícias   

   

A vida sob um novo olhar

30/09/2016


RC São Vicente Antônio Emmerich

Rotary Club de São Vicente-Antônio Emmerich repete exemplo de inclusão à frente da Gestão Humanitária. 
Acostumado aos desafios da vida, casal que preside o clube mostra que nossos limites dependem da forma como enxergamos o mundo
 
 
Quando pensamos em alguma limitação física, logo imaginamos restrições para executar tarefas simples do dia-a-dia. Exemplos de superação não param de surgir, especialmente na internet. Mas quantos de nós convivem com estas situações? Será que conseguimos imaginar a rotina de um deficiente visual ou observar o mundo sob uma ótica mais complexa? Descolada da realidade que vivemos no cotidiano, esta reportagem apresentou-se como uma inédita missão: conhecer um pouco da história do casal João Nunes de Oliveira e Ireni. Ela preside a Instituição Braille de Santos (IBS) desde 2006, enquanto ele é o Presidente Humanitário do Rotary Club de São Vicente-Antônio Emmerich (Gestão 2016-2017). 
 
Eles usam aplicativos de celular com maestria, transitam pelas escadas do IBS com naturalidade, trabalham fora diariamente, presidem reuniões de Rotary, elaboram projetos sociais e motivam companheiros a enxergarem a vida com outros olhos. Além disso, esbanjam bom humor e uma cumplicidade cativante enquanto marido e mulher. João sempre faz questão de relembrar as peripécias que Ireni praticava na época da infância, quando os dois se conheceram. O apelido carinhoso que ele deu à ela é usado até hoje. “A Fofa era ceguinha e muito terrível. Aprontava cada uma dentro e fora da sala de aula. Era uma das mais respondona do colégio Dino Bueno, em Santos/SP”, revela em meio às gargalhadas. 
 
Sempre bem humorada, ela rebate as revelações de João e recorda com ênfase das lentes “fundo de garrafa” que o então colega de turma usava na época da escola. “Ele não nasceu cego, mas era míope e usava aqueles óculos horríveis iguais aos do Chacrinha. Confesso que meu marido era muito feio”, relata do outro lado da mesa do escritório, enquanto o computador anuncia o horário de alguma tarefa agendada. Com 27 anos de casamento, ambos viram a inversão da deficiência visual acontecer dentro da própria casa. Ireni nasceu com diagnóstico de “ceratocone”, o que lhe causou baixa visão severa. O transplante de córnea só veio aos 30 anos de idade, o que permitiu a recuperação parcial da visão esquerda. 
 
No caso de João, a cegueira foi adquirida em meados de 1990, devido a uma “cicatriz congênita na mácula”. Na época, ele trabalhava como eletrotécnico na antiga Companhia Siderúrgica Paulista (Cosipa). “O João me ajudou muito enquanto eu não enxergava. Depois do transplante de córnea e da cura parcial, ele me ensinou a dirigir, por exemplo. Ele sempre teve paixão pelo companheirismo, paciência e compreensão. Essa limitação atual é uma das poucas tristezas que temos hoje em dia. Agora, aproveita que só eu dirijo e fica rindo de mim quando estamos no trânsito. Ele é puro bom humor”, conta Ireni. 
 
Foi a experiência de três décadas como cega, aliada à formação em Pedagogia e pós graduações em Psicopedagogia e Neuropsicopedagogia, que possibilitou que Ireni fosse a facilitadora perfeita para o esposo que também ficou cego de forma predestinada. “Se eu não tivesse vivido tudo isso, minha contribuição para o João e as pessoas que procuram o IBS podia ser bem menor. Eu teria limites para compreendê-los. Quando ele ficou cego completamente, eu já sabia quais ajustes fazer dentro e fora de casa, como ensiná-lo a se locomover, a usar a bengala e outros truques necessários”. 
 
Trajetórias em Rotary 
 
Naturalmente, Ireni se aproximou de projetos dedicados aos colegas com deficiência. Foi isso que a levou ao Rotary Club de São Vicente-Antônio Emmerich. “Sempre fui apaixonada pelas ações que o Rotary realizava na comunidade. Isso fez com que me identificasse com a filosofia da instituição e ingressasse no quadro social em 2004. No Ano Rotário 2008-2009, atuei na presidência do clube”. A partir de julho de 2016, João assumiu a posição que já foi de sua esposa e marcou algo inédito no Distrito 4420: o Antônio Emmerich é o único clube a ser presidido pelo segundo deficiente visual. Isso confere um nível mais elevado de empatia e maturidade na elaboração de projetos com essas características. 
 
Além de projetos permanentes, como o Banco de Cadeiras de Rodas e o Projeto Ler, que estimula a leitura entre crianças de 6 e 12 anos em escolas municipais, são desenvolvidas pelo clube outras iniciativas para inclusão do deficiente visual. Sob liderança de Ireni, os sócios passaram a “despertar novos olhares” em mais de 650 crianças de escolas municipais de São Vicente/SP, proporcionando imersões na rotina dos deficientes visuais. “O projeto Despertando Novos Olhares busca inserir as crianças no mundo dos cegos para que compreendam, na prática, como eles enxergam o mundo. Criamos situações para que elas as resolvam como se fossem um cego. Desta forma, elas se reconhecem como parte deste universo”. 
 
A leitura também faz parte deste amplo processo. Esta necessidade deu origem à iniciativa “Na Ponta dos Dedos”, dedicado ao aprendizado do Sistema Braille. Segundo o Presidente, outra meta de sua gestão será colocar o projeto Companheiro do Coração para funcionar a prática. “Vamos elaborar uma competição escolar para estimular o estudo de certas deficiências. Cada grupo pegará um tema, um deficiente relacionado ao assunto e participará da rotina de vida dele. Durante os estudos, eles terão que produzir materiais em texto, vídeo e foto para entrarem na competição. Serão premiados os melhores grupos. Ainda vamos definir como dividir os grupos e quais prêmios serão oferecidos”. 
 
Os projetos Mãos que Compartilham e Rotabike são outras metas de João. O primeiro levará deficientes visuais para aplicar massagens terapêuticas em docentes de São Vicente, em comemoração ao Dia dos Professores. O outro, em fase de estudos e captação de parceiros, visa adquirir “bicicletas duplas” para permitir passeios ao deficiente visual na companhia de outra pessoa. “Queremos melhorar o contato entre os cegos e os não deficientes. A pessoa vai precisar se envolver na dinâmica e relatar ao cego tudo o que vê para criar em sua mente o cenário real do passeio. Adorávamos andar de bicicleta e sentimos falta deste tipo de lazer. Por isso queremos levar isso aos colegas e permitir aos envolvidos mais sensibilização, troca e empatia. Afinal, esta é uma das missões do Rotary em todo o mundo”, explica Ireni. 
 
Entrosamento e união 
 
Até aqui, mergulhamos na rotina do casal. Mas como os membros do Antônio Emmerich lidam com esta particularidade? A resposta é simples, pois não há nenhuma diferença entre eles. João tem uma excelente memória e decora as falas que precisa executar nas reuniões. Ireni, quando necessário, faz a leitura dos textos para ele. Ela também desempenha a função de secretária do clube. Além disso, o tratamento é igual entre todos e a autonomia nunca é afetada. Alguns números do clube são prova deste entendimento. “Mais de 300 pessoas já foram atendidas com o nosso banco de cadeiras de rodas, de banho e andadores. Recentemente, realizamos a campanha para detecção da Hepatite C, onde realizamos 327 testes gratuitos dentro do Brisamar Shopping. Isso mostra a dedicação do nosso clube”, conclui João. 
 
Segundo Ester Sertek, coordenadora de eventos do clube e diretora do IBS, somente na leitura dos textos é possível notar alguma dificuldade. “João e Ireni são tão entrosados em suas atividades que as realizam de forma independente. Apenas nos adaptamos a eles em poucos momentos. São ótimos companheiros e nos ensinam muito no dia-a-dia”. Roberto Marcus Martins, sócio fundador do clube, explica que todos já estavam habituados com a Ireni quando o esposo se associou. “Ela entrou logo que o clube foi fundado, e ele sempre lhe acompanhava nas reuniões, o que permitiu uma adaptação gradual. Essa dedicação reforça a capacidade que ambos possuem para dirigir o Antônio Emmerich. É um orgulho saber que somos o único clube do Distrito a ser presidido por dois deficientes visuais em gestões diferentes”. 
 
Visite o Rotary Club de São Vicente-Antônio Emmerich: 
 
• Reuniões: quintas-feiras. 
• Horário: 20h30 - jantar. 
• Telefone: (13) 9-9788-8420. 
• Local: Restaurante Torre Praia. 
• Endereço: Rua Onze de Junho, 209 – Centro - São Vicente/SP. 
 
Instituição Braille de Santos 
 
É uma entidade sem fins lucrativos de utilidade pública, fundada em 1958. Entre as principais ações desenvolvidas estão o Curso de Aprendizagem do Sistema Braille e o atendimento psicológico ao portador de deficiência visual. Os voluntários também ministram aulas de teclado, idiomas, artesanato, pintura em tela e tecido. Também traduzem para o Braille todo o acervo bibliográfico da casa. O público que procura o IBS é o adulto, com necessidades específicas para se adaptar à condição de deficiente. 
 
O IBS se mantém com a realização de eventos e a venda de produtos no seu bazar. Conta com assistente social, psicólogo, professores e outros profissionais voluntários. “Como atendemos os deficientes visuais que não nasceram cegos, precisamos entender as necessidades individuais e oferecer exatamente o que precisam. Temos o curso de Braille como ferramenta principal, mas também oferecemos outras atividades exclusivas às necessidades específicas de cada aluno”, finaliza a presidente Ireni. 
 
Mais informações sobre as atividades do IBS: 

• Telefone: (13) 3234-4815. 
• Expediente: das 13h00 às 17h00. 
• Endereço: Rua Júlio Conceição, 246 - Encruzilhada - Santos/SP. 
 
 
 
 
 
 
 
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